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    Foto: Mirian Fichtner / Pluf Fotografias – Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre/RS, 2024

    EDITORIAL

    Gustavo Menezes (EBP/AMP)
    Fátima Pinheiro (EBP/AMP)

    O presente número da Correio Express convida o leitor a voltar o olhar para a tragédia que devastou a região sul do nosso país. Mais uma vez, o real se apresenta em forma de catástrofe e coloca os indivíduos diante de um impossível de suportar. Crise humanitária refletida na perda de familiares, de bens e de propriedades. Urgências subjetivas e traumas nos corpos.

    Da mesma forma, uma outra crise se impõe como pano de fundo: a climática. As paisagens mudam e nos afetam, gerando angústia diante de um possível mundo inabitável. Diríamos que se trata de uma catástrofe “natural” impulsionada pela ação humana? Os dejetos da civilização atingiram níveis de interferência climática irreversíveis?

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    Como habitar o inabitável? Ou: o que se vai com as águas…

    Cristiane Barreto (EBP/AMP))

    Enxurrada de notícias e de imagens invade os olhos, que respondem com lágrimas (o ínfimo das águas). Assistíamos a uma torrente de perdas em meio ao excesso que invade. O Guaíba transborda, alarga seu leito, seu ritmo. De onde vem sua fúria mansa? O rio não é o mar, que, como apreendemos com o sobrevoo de Lacan, faz apagamentos, ranhuras, desenha litoral. Um rio não interrompe seu curso.

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    Capitalismo “verde” e o abismo do real

    Fabiola Ramon (EBP/AMP)

    Nada barra a maquinaria do capitalismo e sua aliança com o discurso da ciência. Essa aliança inscreve um real que se apresenta, a céu aberto, cada vez mais como catástrofe. Não se trata da catástrofe da tragédia. Como pontuou Lacan, destacado por Dessal, “o homem moderno perdeu o sentido da tragédia” e “tem encarnado a morte de Deus para colocar em seu lugar a Ciência”. A tragédia cedeu lugar à ideia de catástrofe iminente, decorrente de uma desordem que “nos empurra para o abismo do real”.

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    Nota sobre os negacionismos

    Cristina Duba (EBP/AMP)

    A questão dos negacionismos contemporâneos convoca os psicanalistas de um modo específico. Não basta para a psicanálise reduzi-la a uma espécie de acontecimento que explodiu no período pós-II Guerra Mundial, centrado na negação do Holocausto. Embora traga esse emblema – essa origem no universo do debate acadêmico e intelectual, à sombra de intensas disputas ideológicas –, o negacionismo revelou faces pluralizadas e se propagou e se infiltrou em diversas áreas do conhecimento e em seus meios de divulgação…

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    Dentro da tempestade, que nos guiem os vagalumes

    Cínthia Busato (EBP/AMP)

    Já em 1980 eu participava de grupos que reivindicavam um olhar sobre a insanidade de se destruir a natureza. Foi nessa época que participei de uma montagem teatral infantil chamada “Bicho come-come”, onde esse tema, a voracidade sem limites do mercado, era tratado de uma maneira muito criativa e bonita. Nosso grupo Catatempo, teatro e artemanhas ganhou o edital estadual e viajamos pelo interior do estado com a peça, e por algumas cidades do Paraná. Lembro de muitas conversas e discussões que se estabeleciam com o público em torno disso. São lembranças muito presentes, ainda hoje; uma espécie de vagalumes do passado.

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