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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

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Miller, J.-A. Biologia Lacaniana e acontecimentos de corpo. (2006-

2007). In: Opção Lacaniana Nº41. São Paulo, Edições Eolia, 2004,

p. 07-67

. Tradução Ana Lúcia Paranhos Pessoa

“(…) Isto será resumido de uma forma talvez excessivamente lógica por Lacan

na fórmula “O significante é a causa do gozo”, mas se inscreve na noção de

acontecimento fundamental de corpo que é a incidência da língua. É, aliás,

o que fez a força da referência de Lacan a James Joyce, e precisamente no seu

Finnegans Wake,

que se acha absolutamente indecifrável a partir do que seriam as

lembranças infantis de Joyce.”

“Lacan desconheceu verdadeiramente, por tanto tempo, a necessidade disso

passar pelo corpo? Será que precisou que despontasse esta hipótese, para que

revisasse as categorias as mais fundamentais de sua orientação, ou que as

completasse? Será que essa foi uma exigência desconhecida? Não, visto que, ao

lado do simbólico, onde girava em círculos o sujeito do significante, ele sempre

reservou o lugar do registro do imaginário, que foi, aliás, no inicio o monturo

do gozo. Ele jamais negligenciou o fato de que o sintoma, mesmo concebido

como metáfora, tomasse os elementos corporais como significantes. Mas Lacan

se deu conta do corpo essencialmente no nível do fantasma enquanto intervém

na formação dos sintomas, o que se acha sublinhado em seu grafo duplo. Até

introduzir o “

parlêtre

”, deu-se conta do corpo no nível da fórmula do fantasma,

que escreve, com efeito, a necessidade de completar com um elemento corporal

o sujeito do significante – este sujeito do significante negativo, intervalado,

interino perpétuo, está morto, natimorto -, a necessidade de dar-lhe um

complemento corporal, quer dizer, a pequeno.”

p. 54

Miller, J.-A. Conclusão das aulas sobre o Sinthoma. In: Opção

lacaniana Nº46. São Paulo, Editorial Eolia, 2006. Tradução Teresinha

N. Meirelles.

“(…) Colocarei em série: o sintoma terá o sujeito, o sinthoma terá o

falasser

. O

falasser

, de fato, tem uma base bem mais ampla que o sujeito, uma vez que o

sujeito é uma função pontual e evanescente, enquanto no

falasser

incluímos o ser

que até então lhe era dado pela fantasia.”

p. 14

“O sujeito é falta-a-ser, enquanto o

falasser,

como seu nome o indica, é um ser,

ainda que ele só se sustente pela fala… A diferença entre o sujeito e o

falasser é

que este tem um corpo, ele se define pelo fato de ter um corpo como condição sine qua

non

para gozar.”

p. 15

Miller, J. –A. “O inconsciente e o corpo falante” - Apresentação do

tema do X Congresso da AMP”. 2014

https://www.congressoamp2016.com/ uploads/8d43a017ed95340e07f9ca4dbb5cb235eb472a04.pdf

“(…) quando falamos do sintoma como de um sinthoma. Aí está uma palavra,

um conceito que é da época do falasser. Ele traduz um deslocamento do

conceito de sintoma, do inconsciente ao falasser.

O falasser tem de se haver com seu corpo como imaginário, assim como tem de

se haver com o simbólico. O terceiro termo, o real, é o complexo ou o implexo

dos dois outros.

No

falasser

há, a um só tempo, gozo do corpo e também gozo que se deporta

para fora do corpo, gozo da fala que Lacan identifica, com audácia e com lógica,

ao gozo fálico, uma vez que este é desarmônico em relação ao corpo.

Pois bem, quando inconsciente é conceitualizado a partir da fala e não mais a

partir da consciência, ele porta um nome novo: o

falasser

. O ser de que se trata

não precede a fala. É o contrário, a fala outorga o ser a esse animal por um efeito

a posteriori. Desde então, seu corpo se separa desse ser para passar para o registro

do ter. O falasser não é o corpo, ele o tem.

Quando se analisa o inconsciente, o sentido da interpretação é a verdade.

Quando se analisa o falasser, o corpo falante, o sentido da interpretação é o gozo.

Esse deslocamento da verdade ao gozo dá a medida do que se torna a prática

analítica na era do falasser. Por essa razão, proponho, para o próximo Congresso,

nos reunirmos sob a seguinte bandeira: «O inconsciente e o corpo falante». Isto

é um mistério, dizia Lacan. Tentaremos penetrar nele e esclarecê-lo. Para tanto,

que cidade nos seria mais propícia senão o Rio de Janeiro? Com o nome Pão de

Açúcar, ela tem como emblema o mais magnífico dos escabelos.”

III /b. O inconsciente

III /b.1 Cursos Psicanalíticos

Miller, J. –A. A interpretação pelo avesso. Opção Lacaniana Nº15.

São Paulo, Edições Eolia, 1996

“(…) Dizemos a interpretação como dizemos o ‘inconsciente’.”

“O que é o inconsciente? Como se interpreta seu inconsciente? – quando não

Jacques-Alain Miller