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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

307

306

3.

Jacques-Alain Miller

III /a. Falasser (

parlêtre

)

III /a.1 Os cursos psicanalíticos

Miller, J.-A. (2006-2007) Perspectivas do Seminário 23 de Lacan – O

Sinthoma, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2010

“(…) E esse Um-Corpo – diz Lacan aproximadamente, pois ele não usa esse

vocábulo – é a única consistência do falasser. Eis que com uma frase, ele reduz

todos os reflexos oscilantes desse depósito que é o Outro maiúsculo. O Um-

Corpo como a única consistência. Segundo entendemos, isso é o que o ser

humano deve trazer em análise.”

p.111

“Aprendemos a falar e isso vem dos parentes próximos. Essa é a face do Outro na

aprendizagem da língua, razão pela qual há uma sociologia imediata do falasser.

Por isso o falasser é

les trumains

. É neles que se parafusa a sociologia de Lacan.”

p.193

Miller, J.-A. Perspectivas dos Escritos e outros escritos de Lacan: entre

desejo e gozo. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editorial, 2011

“(…) Uma vez atravessada a janela da fantasia, o que se manifesta não é a

liberdade de um sujeito barrado, vazio. Mais-além da janela da fantasia há o que

eu chamarei para concluir, de a prisão do falasser.”

p. 138

Miller, J. - A. O ser e o Um. Miller, J. A. O ser e o Um. inédito. (2011)

(tradução para circulação interna Vera Ribeiro)

Aula do 16 de março de 2011

“(…) A suposição do

inconsciente é uma suposição ontológica, quer a escrevamos, quer lhe demos o

sentido de falta-a-ser, de sujeito barrado, ou que se fale de ser falante ou

falasser

.

E quando Lacan utiliza o termo de ser falante e de

falasser

, ele nunca deixa de

Jacques-Alain Miller

dizer que só existe ser pelo fato de falar (

il n’a d’être que de parler

).”

Aula do 23 de março de 2011

“(…) Dito de outro modo,

há uma conjunção entre o

par-être

e a fala que chega ao seu auge quando nos

expressamos nos termos de s

er falante (l’être parlant)

, assim como há uma

conjunção essencial entre a existência e a escrita, escrita que eu disse primeira.”

Aula do 25 de maio de 2011

“(…) Essa mesma báscula que ali

está marcada pela implicação decidida da pulsão no sintoma se constata também

quando Lacan apaga, digamos, progressivamente, o termo de sujeito que

pertencia por excelência à ordem significante e o substitui pelo termo falasser.

Evidentemente, o sujeito é disjunto da pulsão, ao passo que o falasser inclui o

corpo. Diz Lacan: aqui está o nome que substituirá o do inconsciente. Portanto,

no fundo, ora Lacan diz o inconsciente é real, ora ele evoca que se poderia

substituí-lo pelo termo falasser, incluindo o corpo, o que é coerente com a noção

de gozo-sentido, pois não há sentido sem gozo. E como o inconsciente real é

de fato outra coisa que não o inconsciente freudiano, ele, na ocasião, propõe a

substituição sem ir até o final, bem entendido. Portanto, não há significante,

não há desejo que não esteja conectado à pulsão, etc. E a raiz do Outro é o Um.

Estou percorrendo muitos anos do último ensino de Lacan, mas é como uma

nebulosa. De todo modo, encontramos aqui os índices que nos permitem ver

em qual direção aponta sua última perspectiva.

Então, o

falasser

é aquele que, por falar, superpõe, de algum modo, um ser ao

corpo que ele tem, superpõe um ser ao ter e seu ter essencial é o corpo. O

falasser

é também o “só tem um corpo”, se assim posso dizer. Em tudo isso, há uma

desvalorização do significante, do valor de verdade, e a ideia que modera a ideia

da potência significante”.

“A ideia de Lacan sobre

Finnegans wake é

que Joyce o escrevera para si mesmo e

que o fato de o haver publicado não evidenciava suas más intenções, mas sim a

intenção de calar a boca dos outros escritores e acabar com a literatura. O que

isso quer dizer? Aqui, Lacan nos convida a tratar a obra de arte, a obra escrita, a

partir da pulsão. A partir, se assim posso dizer, da pulsão escritural. Ela deve ser

entendida no autoerotismo do

falasser.

Miller, J.-A –

“O osso de uma análise” –

Seminário Proferido no VIII

EBCF e II Congresso da Escola Brasileira de Psicanálise. In: Agente,

Revista de Psicanálise, Salvador, EBP-BA,1998

(…) não haveria caminho, não haveria pedra, se não houvesse ser falante; se não

houvesse ser falante, para quem a pedra falaria? Qual o caminho do ser falante?