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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

293

292

II /b.2 Outros Escritos

LACAN, Jacques. Televisão (1973). In: ______.

Outros Escritos

. Rio

de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. Tradução: Vera Ribeiro; versão final

Angelina Harari e Marcus André Vieira

“(…) Freud não

encontrou outra

melhor

,

e

não há por que

voltar a

i

sso.

Essa

palavra tem o inconveniente de

ser

negativa,

o

que permite

supor ali

qualquer

coisa

no mundo,

sem contar

o

resto.

Por

que não?

Para

coisa despercebida, a

expressão ‘por em toda parte’

convé

m tanto quanto ‘em parte alguma’.”

p. 510

“(…) Nos outros, que só têm ser por serem nomeados, embora se imponham

a partir do real, existe instinto, ou seja, o saber que sua sobrevivência implica.

Nem que seja apenas para nosso pensamento, talvez inadequado nesse aspecto.

Restam os animais que carecem de homem, por isso ditos d’homésticos e que,

por essa razão, são percorridos por sismos, aliás curtíssimos, do inconsciente.”

p. 510

“(…) O inconsciente, isso

fala, o

que

o

faz

de

pender

da

li

nguagem,

da qual

p

ouco sabemos, apes

ar

do

que

designo

por lin

güisteria, para nela a

grupar

o

que

pre

ten

d

e –essa é a

novidad

e

– intervir no

s

homens

em

nome

da

ling

uística.

A

linguística é a

ci

ê

ncia

q

ue

se

o

c

upa

de

lalingua

, que

esc

re

vo

numa

palavra com

isso especificar seu objeto, como se faz em qualquer outra ciência.”

p. 510

“(…) o sujeito do inconsciente só toca na alma através do corpo, por nele

introduzir o pensamento: desta vez, contradizendo Aristóteles. O homem não

pensa com sua alma, como imagina o Filósofo. Ele pensa porque uma estrutura,

a da linguagem –a palavra comporta isso–, porque uma estrutura recorta seu

corpo, e nada tem a ver com a anatomia.”

p. 511

“(…) Dai o inconsciente, ou seja, a insistência com que o desejo se manifesta,

ou a repetição do que é demandado nele –não foi o que disse Freud a seu

respeito no momento mesmo em que o descobriu? Dai o inconsciente– se a

estrutura que se reconhece por fazer a linguagem em

lalíngua

como costumo

dizer, a domina bem.”

p. 513

“(…) Interpolo aqui uma observação. Não baseio essa ideia de discurso na ex-

sistência do inconsciente. É o inconsciente que situo a partir dela – por ele só

ex-sistir a um discurso.” (…) o inconsciente ex-siste tanto mais que, por só se

atestar claramente no discurso da histérica, só há, em qualquer outro lugar, um

enxerto dele: sim, por mais espantoso que possa parecer, inclusive no discurso do

analista, onde o que se faz com ele é cultura.”

p. 517

“(…) A história que eu negligenciaria o afeto é farinha do mesmo saco. Que

me respondam apenas uma coisa: afeto diz respeito ao corpo? Uma descarga de

adrenalina é ou não é do corpo? Que perturba suas funções, é verdade. Mas, em

que isso provém da alma? O que isso descarrega é pensamento.

Então, o que se deve pesar é se minha ideia de que o inconsciente é estruturado

como uma linguagem permite verificar mais seriamente o afeto – do que a ideia

expressa de que ele é um tumulto em que se produz uma disposição melhor. Pois

é isso que me contrapõem.”

p. 523

LACAN, Jacques. Joyce, o sinthoma (1979). In: ______.

Outros

Escritos

. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. Tradução: Vera Ribeiro;

versão final Angelina Harari e Marcus André Vieira

“(…) O inconsciente, em Freud, quando ele o descobre (é o que se descobre é de

uma vez só. mas depois da invenção é preciso fazer o inventário), o inconsciente

é um saber enquanto falado, como constitutivo do UOM. A fala, é claro, define-

se aí por ser o único lugar em que o ser tem um sentido. E o sentido do ser é

presidir o ter, o que justifica o balbucio epistêmico.”

p. 561

II /b.3 Outros Textos

LACAN, Jacques.

O triunfo da religião, precedido de, Discurso aos

católicos

. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Tradução: André Teles e

Revisão técnica de Ram Mandil

“O próprio do inconsciente freudiano é de ser traduzível – mesmo ali onde não

pode ser traduzido, isto é, num certo ponto radical do sintoma, designadamente

do sintoma histérico, que é da natureza do indecifrado, portanto do decifrável,

ou seja, ali onde o sintoma só é representado no inconsciente caso se entregue à

função daquilo que se traduz.”

p. 19

“Com efeito, há no inconsciente coisas significantes que se repetem, correndo

constantemente à revelia do sujeito. Isto é algo semelhante ao que eu via ainda

há pouco ao me dirigir a esta sala, isto é, anúncios luminosos deslizando na

fachada dos nossos prédios. O que os torna interessantes para o clínico é que,

em circunstâncias propícias, eles se vêem inseridos no que é essencialmente

da mesma natureza, nosso discurso inconsciente no sentido mais amplo, ou

seja, tudo o que há de retórico em nossa conduta, quer dizer, muito mais que

acreditamos. Deixo aqui o lado dialético.”

p. 19-20

Jacques Lacan