O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
367
366
corpo afetado pelo significante que encontra diferentes formas de satisfação,
conhecidas ou desconhecidas. O gozo é o produto do encontro contingente do
corpo com o significante, encontro que mortifica o corpo, mas ao mesmo tempo
recorta na carne o vivo que anima o mundo do psiquismo. A satisfação está
sempre em jogo, causa e busca ao mesmo tempo, na experiência da análise.
Temos seguido as indicações precisas de J-A. Miller no curso ‘Sutilezas
analíticas’, para situar os acontecimentos do corpo como não sendo meros
fatos de corpo. São aqueles [que] produzem momentos memoráveis, traços
inesquecíveis, um advento de gozo, fixações que não cessam de exigir o cifrado
simbólico do inconsciente. Assim como há um corpo que fala, temos um corpo
que não fala, que goza no silêncio pulsional.”
p. 58
Tassinari, Alide.
O que acontece com o corpo na psicanálise hoje?
In:
Papers 2. Site do X Congresso da AMP: O corpo falante: sobre o
inconsciente no século XXI. Tradução: Ana Paula Sartori Lorenzi
“(…) O corpo, porque falante, tal como a vida, é um mistério. O mistério do
corpo falante contém o enigma da sexualidade humana na versão de sua não
naturalidade: armadilha na qual o neurótico é capturado, e se ressente, porque
não lhe é evidente, porque tenta fazer existir a relação sexual.”
Vieira, M. A. O corpo da fantasia e o do sinthoma (ou sujeito e
objeto, quem fala?). In: Correio Nº77. Revista da Escola Brasileira de
Psicanálise, São Paulo, 2015
“(…) O corpo falante, como outro nome para o
falasser,
é o corpo de
lalingua.
”
p. 179
IV /e. Escabelo
Alvarez, Patricio. Escabelo. In: Papers 1. Disponível
em:
https://www.congressoamp2016.com/uploads/beb5f7159c8ca475521103bcc4795cb8390c8cfa.pdf
, Tradução: Paola
Salinas
“(…) Miller define o escabelo como “aquilo sobre o qual o falasser se ergue,
sobe
para se fazer belo.
(…) traduz de maneira imagética a sublimação freudiana,
mas em seu cruzamento com o narcisismo”. Redefine assim a sublimação, que
se forja com o gozo da palavra com sentido. O escabelo está do lado do gozo da
palavra que inclui o sentido e se opõe ao gozo que exclui o sentido, o
sinthoma.
O gozo opaco do
sinthoma
“surge da marca escavada pela fala quando ela toma
a aparência do dizer e faz acontecimento de corpo”. As pegadas desta citação
podem ser localizadas no
Seminário 21
, onde Lacan diz “não toda palavra é um
dizer (…) Um dizer é da ordem do acontecimento”. Por isso Miller destaca
que a fala que marca é aquela que adquire a aparência do dizer e produz
acontecimento de corpo. Mas é um dizer opaco, que não faz cadeia: o dizer da
lalíngua.
A marca que escava é o
troumatismo
, furo que o simbólico da
lalíngua
produz no real.”
“Qual relação existe entre o gozo com sentido do escabelo e o gozo-sentido do
fantasma? Essa relação está no livro
Los signos del goce
: “o escabelo é outro nome
da montagem do fantasma, daquilo sobre o qual o homem pode subir para se
fazer valer (…) remete ao objeto
a
, montagem do fantasma”. Anos depois insiste,
em
Sutilezas
: “O sujeito está empoleirado em sua fantasia e a perspectiva é a de
fazê-lo decair dela, destituindo-o, assim, como sujeito”. Localiza-os em uma
relação íntima: há que destituí-lo do fantasma, desmontá-lo do escabelo. Por isso
Lacan fala da
escabelostração
, a castração do escabelo. Se o escabelo do neurótico
implica a passagem do gozo opaco ao gozo com sentido, a análise vai na direção
de castrar esse gozo. Miller diz: “fazer uma análise é trabalhar a castração do
escabelo para trazer à luz o gozo opaco do sintoma”. Entende-se mais ao ler esta
castração como a direção rumo à queda do fantasma.”
p. 5-6
Bassols, Miquel.
Corpo da Imagem e Corpo Falante
in: Textos de
Orientação do Site do X Congresso da AMP: O corpo falante: sobre o
inconsciente no século XXI. 2015. Tradução: Maria Silvia G F Hanna.
Revisão: Oscar Raymundo e Yolanda Vilela
“(…) Teremos que nos apoiar na tensão proposta por Jacques Alain Miller na
mesma conferencia entre sinthoma e escabelo. Este último, parte da “negação
do inconsciente”, por meio da qual alguém pode se “acreditar ser seu ser” para, a
seguir tomar da cultura um escabelo, ou seja, “aquilo sobre o qual um
falasser
se
iça, no qual sobe para ficar belo”, para “empinar o nariz e dar uma de glorioso.”
Laurent, Eric. Apresentação do Seminário. E. Laurent. Falar com seu
corpo-escabelo. In: Rádio Lacan (transcrição pela equipe reunida por
Didier Mathey. 2015. Site do X Congresso da AMP. O Corpo falante:
sobre o inconsciente no século XXI. 2015. Tradução: Teresinha N.
Meirelles do Prado
“(…) Passemos, agora, ao escabelo e ao modo como, em sua conferência,
Jacques-Alain Miller fala desse escabelo. Ele fala com uma distância crítica, mas
ele o introduz como “isto sobre o que o falasser se ergue, sobe para se embelezar.
É seu pedestal, que lhe permite elevar-se à dignidade da coisa.”
p. 8
Outros autore




