O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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consiste em colocar sintoma e fantasia dentro do mesmo parêntese e obter com
isso a definição de (
sinthoma
= sintoma + fantasia). Sob esse novo ângulo, sob
essa nova perspectiva, a diferença entre as dimensões clínicas do sintoma e da
fantasia se desvanece.”
p. 98
IV /c. Inconsciente
Brodsky, Graciela. Dizer não. In: Opção Lacaniana online nova serie
Nº1, ano 1, 2010.
http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_1/dizer_nao.pdf
“(…) A expressão “fazer parte” condensa muito bem o miolo do que está em
jogo entre a identificação e a segregação. O desejo de fazer parte, de inserção,
que leva o sujeito a se inscrever como significante no campo do Outro
(alienação), é necessariamente seguido pela separação, que não é separação do
Outro, mas do gozo, é a extração que se opera no corpo dessa parte de gozo com
a qual o sujeito jogará daí em diante sua partida sem querer saber nada disso
(separação). Os fenômenos de identificação e segregação adquirem então uma
dimensão diferente, menos sociológica e mais psicanalítica se forem considerados
em função das estratégias – que vão do amor ao ódio – que cada sujeito usa para
se virar com esse resto de gozo segregado do corpo e separado do Outro.”
Brousse, M. Hèléne. Morte e ressurreição da histérica. In: Correio
Nº71. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, 2012
“(…) Como o analista, a histérica só tem o inconsciente para consistir. É o
ponto em comum entre os dois discursos. Mas a diferença entre a histérica e
o analista “a histérica e eu”, escreve Lacan, é que o inconsciente da histérica
é sustentado pelo amor por seu pai, quando, após uma análise, o significante
mestre desvela seu laço não com o pai, mas com o modo de gozo determinado
pelo objeto.”
p. 58
Cervellati, Carmen Silvia. Uma leitura sobre a Transferência no
Seminário 11. In: Carta de São Paulo, São Paulo Nº1, Ano 9, 2012
“(…) Freud formulou o inconsciente a partir de suas formações (sonhos,
atos falhos, chistes e sintoma). Nelas, ao modo do tropeço, nada se esclarece
propriamente, pois na transferência analítica, seu surgimento convoca o sujeito
a secretar sentido a partir do que emerge da hiância, da fenda aberta no instante
mesmo para no instante seguinte fechar. Por isso, a interpretação aponta ao
equívoco, demonstrando a razão do inconsciente como pura pulsação, e convoca
o analisante a produzir o sentido naquilo que falta sentido. Isso nos remete
ao Prefácio à edição inglesa do Seminário 11 (1976) onde Lacan diz que é
somente quando o “espaço de um lapso já não tem mais impacto de sentido (ou
interpretação), só então temos certeza de estar no inconsciente”. As formações
brotam da fenda, da falha do inconsciente, possibilitam o sentido, mas aí não se
está mais no inconsciente. Não podemos dizer que Freud teorizou o inconsciente
desta maneira; Lacan sim lhe deu o estatuto de real.”
p. 55
Dias Batista, Maria do Carmo, Simbólico derramado. In: Correio
Nº63. Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, 2009
“(…) Contudo, em Leite Derramado, novo livro de Chico Buarque, o
Simbólico – este mesmo com S maiúsculo – de Freud e de Lacan, do recordar,
repetir, elaborar; e da linguagem como condição para o inconsciente, se derrama
e nos coloca diante de um desaparecimento que a escrita procura cingir:
Se não
fossem meus tremores e câimbras nas mãos, eu preencheria de meu próprio punho,
com caligrafia miúda, um caderno para cada dia vivido ao lado de minha mulher.”
p. 67
Laurent, Eric. Apresentação do Seminário. Falar com seu corpo-
escabelo. In: Rádio Lacan (transcrição pela equipe reunida por
Didier Mathey. 2015. Site do X Congresso da AMP. O corpo falante:
Sobre o Inconsciente no Século XXI. 2015. tradução de Teresinha N.
Meirelles do Prado
“(…) A crença no corpo, no escabelo de antes da esfera, é também um
desconhecimento – e esse é um esclarecimento decisivo que Jacques-Alain Miller
nos traz em sua conferência para nos permitir decifrar essa passagem que vamos
ler. Miller a liga ao fato de que ela “se funda no ‘eu não penso’ inicial do falasser.
O que é esse ‘eu não penso? ’, se pergunta Jacques-Alain Miller: “É a negação
do inconsciente pelo qual o falasser se acredita senhor de seu ser”. (…) que
faz com que, ao se apoiar em uma recusa primária do tecido dos equívocos do
inconsciente e, apoiando-se a acreditando em seu escabelo, o falasser se esqueça
para se encontrar, para se pensar mestre de si mesmo, senhor de seu corpo.”
p. 13
“Esse esclarecimento é decisivo porque ele liga o narcisismo da crença no ídolo
corporal com a adoração do corpo como superfície de inscrição do
trouma
e
uma recusa do “falar sem saber”, para continuar a crer-se mestre de seu ser. (p.
13) É desse modo, e por essa crença, que se desconhece o fato de que “Falo com
o meu corpo, e isto sem saber. Digo, portanto, sempre mais do que sei” [12]. É
um ponto insuportável.”
p. 14
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