Um corpo, uma cor e a psicanálise – questões?
Anícia de Jesus Ewerton
Analista praticante – Seção Nordeste
“Considerações contemporâneas” é assim que Freud inicia o título dado ao seu texto de 1915, Considerações contemporâneas sobre a guerra e a morte, mas qual a definição possível para o contemporâneo? Recorro a uma das definições dada por Giorgio Agamben (2009), que diz que ser contemporâneo é quando conseguimos manter um olhar fixo ao seu tempo, a fim de que não percebemos, somente, as luzes, mas que sejamos capazes de perceber o escuro. Enquanto Agamben nos convida a “manter um olhar fixo ao seu tempo”, Lacan (1953) vai dizer “deve renunciar à prática da psicanálise todo analista que não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época”. Esta colocação do Lacan vai ao encontro do pensamento de Freud, quando ressalta que a psicologia individual é inseparável da psicologia social.