
Wangechi Mutu – Histology of the Different Classes of Uterine Tummors (2004)
Comitê de Ação da Escola Una – AMP
Sonhar em tempos obscuros
Por Lucíola Freitas de Macêdo
Membro EBP/AMP
Relançamos esta noite o trabalho de investigação em torno do tema do XII Congresso da AMP “O sonho. Sua interpretação, seu uso no tratamento lacaniano”, a partir da descontinuidade incontornável que nos levou a adiar nosso desejado encontro, marcado para abril passado, em Buenos Aires. O que dizer do sonho a partir do “real a céu aberto”, a que o momento nos exorta? Como a experiência própria a este momento, com seus efeitos de desrealização, deslocalização e distopia, tem incidido no trabalho do sonho sob transferência, nestes tempos de sessões online? Como isso tem aparecido na fala analisante?
Sonhar para viver
Por Heloisa Caldas
AME – EBP/AMP
Agradeço o convite de Lucíola Macêdo, em nome do Comitê de Ação do Congresso da AMP, e da diretoria da EBP que acolhe a iniciativa de realizar essa mesa sobre o “sonhar em tempos obscuros”, na qual tenho a alegria de compartilhar o assunto com Luiz Fernando Carrijo. Trabalhar esse tema manteve bem desperto para mim o desejo pelo congresso e pelo tema do sonho.
Tiramos então partido do obstáculo temporário à realização presencial do evento para interrogar o sonhar diante do obstáculo em si, na forma da obscuridade do tempo atual. Minha primeira pergunta foi: qual a importância do que obsta, do que faz barreira à pulsão, para que ela passe mais liberta durante o sono, através do sonho?
Sonhar em tempos obscuros.
…Uma contingência ou, um antes sem depois…
Por Luiz Fernando Carrijo
AME – EBP/AMP
Quando recebi o convite para tomar a palavra nesta atividade, feito por Lucíola Macedo, a quem agradeço a oportunidade, brevemente em nossa conversa ao telefone, me servi de um pensamento rápido através de uma questão que Lucíola tomou como uma das perspectivas a ser desenvolvida aqui. A pergunta era: – Como este “real a céu aberto”, a que o momento exorta, “presentifica-se nos sonhos”?
Naquele momento não encontrara a palavra que mais refletiria minhas elaborações e “real a céu aberto”, embora o tenha utilizado, não me parecia o mais adequado. Em outras palavras, o real, não necessariamente, se conforma em ser recoberto pelo termo “tempos obscuros”, ainda que a abertura para a pulsão de morte esteja em cena.