logo

Índice nº016

NOTA DA DIRETORIA

Caros colegas,

Diante da dramática situação que assola a todos com a pandemia do novo corona virus, a  Diretoria Geral da EBP decidiu mudar seu regime de trabalho. A partir de ontem, 16/3, passaremos a nos reunir quinzenalmente quando avaliaremos e sugeriremos  eventuais medidas adotadas por cada Seção para lidar com essa obscura contingência, sempre pautados pelas orientações propostas pelas autoridades sanitárias de nosso país. Colocamo-nos portanto em regime de contínua conversação visando manter vivo e ativo o UNO de nossa Escola em circunstâncias tão adversas e dispersivas. Lembro-lhes que a Diretoria Geral é composta pela Diretoria Executiva e por cada Diretor Geral de cada Seção, incluindo a nova Seção Leste-Oeste em formação.

Quanto à prática privada de cada um dos colegas, resta-nos sugerir cautela e prudência, assim como colocarmo-nos à disposição para críticas, sugestões ou demais contribuições.

Boa sorte a todos,

Afetuosamente,

Sérgio de Castro
Diretor Geral da Escola Brasileira de Psicanálise

EDITORIAL

Por Nohemí Brown – Diretora de Cartéis e Intercâmbio da EBP

Em tempos incertos, o trabalho persevera…

Acabamos de receber a notícia de que teremos que esperar um pouco mais para nos encontrarmos no XII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise. Porém, o trabalho se mantem, às vezes de formas inéditas, e para destacar o que nos orienta temos na rubrica Porvir o texto A absoluta diferença do sonho de Angelina Harari, presidente da AMP. Nele Angelina esclarece, entre outras coisas, o valor do desejo do despertar, mas sem perder de vista a importância do sonho como guardião do desejo de dormir. Por que nos interessa esta temática? No texto, esse ponto fica circunscrito em uma pergunta que nos interroga e desafia no dia a dia da nossa prática: “O que guia nossa prática em relação aos sonhos nos tratamentos que dirigimos?” Pergunta que precisará um pouco mais de tempo para ser respondida em nosso Congresso, mas que será fundamental manter como uma questão que vibra com relação ao nosso fazer analítico.

Leia mais
Obliteration Room 2015

BIBLIÔ

Infamiliar, “Das Unheimliche”

Por Patrícia Badari – Diretora de Biblioteca da EBP

O infamiliar, Das Unheimliche. A tradução, o intraduzível. O dizível, o indizível.

Como dizer o indizível – o feminino infamiliar? Este é o programa de pesquisa para 2020 na EBP que culminará com seu XXIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, em novembro. E esta é a pergunta lançada aos diretores de Biblioteca da EBP para uma discussão entre e a partir das Bibliotecas.

Como bem diz Jacques-Alain Miller em seu curso “O ser e o Um” (aula 5, inédita), “o que Lacan viu pelo viés do gozo feminino, ele generalizou, até fazer dele o regime do gozo como tal. (…) o gozo reduzido ao acontecimento de corpo”.[1]

Leia mais
Narcissus Garden 2011 inhotim

O intraduzível e suas
ressonâncias

Por Andréa Vilanova – Diretora de Biblioteca EBP-Seção Rio de Janeiro

Com o XXIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano – “O feminino infamiliar, dizer o indizível” no horizonte, nossa comunidade está às voltas, em nova volta, diria, com o texto de Freud “Das Unheimliche” (1919). Trata-se de um ensaio que encontra na tradução proposta por Ernani Chaves, Rogério Freitas e Pedro Heliodoro Tavares – coleção “Obras Incompletas de Freud” (Grupo Autêntica), com Gilson Ianini como editor –, uma nova chave que põe em relevo todo o trabalho realizado por Freud em sua leitura do termo dentro da própria língua alemã…

Leia mais

O infamiliar, o intraduzível e o ilimitado

Por Yolanda Vilela – Diretora de Biblioteca da EBP-Seção MG

O infamiliar, o intraduzível e o ilimitado do gozo feminino são três formas de abordar o que está fora do campo da representação. Podemos dizer, em uma primeira aproximação, que o infamiliar é o paradigma de tudo aquilo que atravessa o espelho como intrusão do mais estranho no mais íntimo, desvelando a dimensão do objeto que não se pode reconhecer. Em seu Seminário 10: a angústia, Lacan aproxima o aparecimento do infamiliar no campo da realidade do objeto a que designa, justamente, a presença do que foi libidinalmente investido…

Leia mais

O infamiliar e o feminino – aproxiamações possíveis

Por Bibiana Poggi – Diretora de Biblioteca EBP-Seção PE

Partimos do que escreve Freud [1] a respeito do infamiliar, ou seja, aquilo que se relaciona ao assustador, mas que remete ao conhecido, retornando ao mesmo. Esta compulsão a repetição é percebida como o estranho, diz-nos Freud.

Neste sentido, destaca-se que o próprio encontro com a linguagem é um encontro com o estranho/estrangeiro. O encontro com alíngua, cujo produto é gozo, aquilo que segundo Lacan [2] é sentido, mas, do qual nada se sabe dizer.

Leia mais

DOBRADIÇA DE CARTÉIS

Sobre os usos do cartel

Sônia Vicente

Entendemos que as reflexões às quais os psicanalistas de orientação lacaniana se dedicam têm como objetivo fazer ampliar o debate sobre o conceito de uma Escola de psicanálise buscando como estruturar uma comunidade analítica adequada à orientação pelo real.

O que é próprio da Escola é o trabalho de manter e expandir o discurso analítico. Nessa tarefa estão implicados o ensino e a transmissão. Há, assim, na comunidade analítica, uma tensão entre o saber exposto e o saber suposto.

É preciso ressaltar que não há ensino da Escola, o ensino é feito por conta e risco, ou seja, o que é para ensinar é a produção elaborada por cada um e como tal colocada em questão na comunidade analítica, ressaltando, assim, que o ensino é produto de um saber fazer com o impossível.

Leia mais
LOVE IS CALLING 2013

MOMENTOS DE INTER-CÂMBIO

Lacan na Academia – um esforço de poesia para cernir uma ponta de real

Laura Rubião

A Academia Mineira de Letras em parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise –Seção Minas Gerais deu início, em 2018, aos encontros de “Lacan na Academia – conversando com a literatura”, trazendo à cidade um espaço vivo de discussão em torno de temas pulsantes da vida contemporânea que tocam a sensibilidade de escritores, artistas e psicanalistas.

Vivemos um tempo em que as certezas veiculadas pelo Discurso da Ciência se tornam mercadorias e operam, muitas vezes, como sedativos ou anestésicos para o inevitável encontro com o real que tanto a arte quanto a psicanálise insistem em fazer falar.  Os encontros – conduzidos por psicanalistas, escritores e artistas – buscam resgatar a inquietação da vida que brota do litoral entre a ficção e os corpos, na mira de um despertar sempre aberto à surpresa e à pluralidade de respostas sintomáticas, capazes de resistir à pressão superegoica do mestre contemporâneo.

Leia mais
INFINITY MIRRORED ROOM MY HEART IS DANCING INTO THE UNIVERSE, 2018

PORVIR

XII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise: O sonho, sua interpretação e seu uso no tratamento lacaniana

A diferença absoluta do sonho

Por Angelina Harari

“Mesmo assim tenho o direito, tal como Freud, de participar-lhes meus sonhos. Contrariamente aos de Freud, eles não são inspirados pelo desejo de dormir. É sobretudo o desejo de acordar que me agita. Mas, enfim, é particular.” [1]: esta afirmação de Lacan é a epígrafe do argumento do XII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) [2]. Será meu ponto de partida para falar do tema: “O sonho. Sua interpretação e seu uso no tratamento lacaniano”.

O desejo de dormir ou o desejo de despertar são dois eixos de trabalho a levar em conta. Trata-se de um retorno a Freud? Sim! Não que a psicanálise tenha novamente se desviado de seu caminho, como quando Lacan, ao escrever seu “Ato de fundação”, entendia retornar a Freud para restaurar seu fio cortante. Retorno a Freud, sim, mas para melhor nos orientar a partir de um ponto de vista propriamente lacaniano, a partir da orientação lacaniana.

Leia mais
Infinity Mirror Room - Phalli's Field 1965.2016

XXIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: O feminino infamiliar, dizer o indizível.

Mulher Honoris causa [1]

Por Marcela Antelo

Quando Freud se atreve a penetrar na comarca da estética, ele o faz com cautela e com a secreta convicção de que tem algo a dizer. Reconhece que a arte leva a dianteira no ensaio sempre repetido de arrancar, da face do mundo, o véu da familiaridade. Jacques Lacan formaliza esta posição depois de tomar contato com a obra literária e cinematográfica de Marguerite Duras.

O ponto de partida é o ensaio Das Unheimliche, traduzido equivocadamente, sempre, como “O sinistro”, “O ominoso”, “O estranho”, “O inquietantemente estranho” e, recentemente no Brasil, “O infamiliar”. Podemos convocar aqui o primeiríssimo Lacan: “A verdade pega o erro pelo cangote, na equivocação”[3]. Sentimento indomesticável pela palavra justa, boi neon que não se deixa nomear, não conceito, palavrinha rebelde.

Leia mais
All The Eternal Love I Have For Pumpkins -Yayoi Kusama 2016

ALINHAVOS

Por Ernesto Anzalone

Neste momento de convulsão, escolhemos, para acompanhar nossa Correio Express, as imagens da artista japonesa Yayoi Kusama. Suas obras são caracterizadas pela intensidade, nas quais os espaços das instalações são conformados por espelhos, colagens, esculturas, cores e imagens, seguindo padrões que procuram transmitir sensações. Nas palavras da própria artista, a arte é uma forma tratamento de seu insuportável: “Ao traduzir o medo das alucinações nas pinturas, estive tentando curar minha doença”.

Leia mais
Print Friendly, PDF & Email