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ARGUMENTO DAS III JORNADAS DA EBP-LO

É um-a-um. É singular e é plural.

É como eu vivo. É como você vive. É como ele vive (ou não vive).

Ser ou ter o falo?

Todo ou não-todo fálico?

Sexuação, gozo e real.

Assexuado?

Quanto mais modos de gozo, mais gêneros[1].

A sexualidade, em Freud, é perversa e polimorfa. Não visa a reprodução, mas a satisfação da pulsão. É assim já nos Três Ensaios e nas Teorias Sexuais Infantis. Desdobra-se em Totem e Tabu e se afirma no Édipo. Está na origem das neuroses.

Em Lacan, é sexuação. É buraco no real. Não necessariamente psicopatológica, mas subjetiva, original, não fora da cultura. É sintomática.

Lacan toma o Édipo freudiano em três momentos de seu ensino: como metáfora paterna, nos quatro discursos e nas fórmulas quânticas. Lacan parte do pai morto para chegar ao pai vivo e encarnado, de RSI. Do pai orangotango gozador, ao do desejo que não é anônimo, ao que tem direito ao amor e ao respeito de seus filhos quando toma uma mulher como seu objeto de desejo, não de gozo; e é capaz de transmitir a castração e o desejo aos seus descendentes. Do Nome-do-pai à pluralidade dos Nomes-do-pai.

Se Freud estabelece uma relação entre Totem e Tabu e Édipo dizendo que ambos têm a mesma estrutura, onde há homens como sujeitos do mito e mulheres como objetos de gozo; Lacan a toma e a coloca como base de suas fórmulas quânticas, para partir da exceção e chegar ao universal do lado Homem. Tão em questão na contemporaneidade.

O ao menos um sobre o qual não incide a lei rege a lógica que marca o lugar do sujeito junto ao falo e remete o objeto de gozo para o lado Mulher.

Desde Complexos familiares, os Seminários 4, 5, 17, 20…; de Hans a Joyce, passando pela Significação do falo, Lacan vai questionar, como o enigma de Diretrizes para um congresso sobre a sexualidade feminina, o estatuto real da sexuação, que permanece um mistério. Miller nos lembra que o mistério “é o que resulta do domínio do simbólico sobre o corpo”[2], “da união da fala com o corpo”[3].

O MISTÉRIO DA SEXUAÇÃO

Este é o tema das III JORNADAS DA EPB-LO, que acontecerão a partir de nossa sede, em Brasília, na Aliança Francesa, nos dias 23 e 24 de setembro de 2022, de forma híbrida – presencial e virtualmente. Ligia Gorini (ECF/AMP) é a nossa convidada este ano.

Se, em 2021, falamos de todas as formas de amor possíveis de se dizer algo, em 22, vamos falar de sexuação. Do amor que vela ao real da sexualidade. Do fazer com a impossibilidade radical. Das formas, Homem e Mulher, do falasser se colocar, de falhar, frente ao real da relação sexual que não existe. Este real, “mistério do corpo falante”[4], mais além do gênero e do anatômico, que estabelece, via Lacan, dois campos – um do desejo, outro do gozo. O primeiro, aponta para o desencontro; o segundo, à solidão do Um[5].

Se não há complementaridade entre os sexos, o que há é um modo de gozo para cada um. O que há são semblantes e mistério.

Assim sendo, estão todos convidados a discutir, a debater, a seguir, sem desvendá-lo.

Bartyra Ribeiro de Castro
EBP/AMP
Coordenadora das III JORNADAS DA EBP-LO

[1] Miller J.-A., Entrevista com E. Marty, In:  https://www.ebp.org.br/correio_express/2021/04/14/entrevista-sobre-le-sexe-des-modernes/
[2] Miller J.-A., O Inconsciente e o corpo falante. Scilicet O Corpo Falante – Sobre o inconsciente no século XXI, São Paulo, 2016, p.25.
[3] Idem.
[4] Lacan, J., O Seminário, Livro 20, Zahar Ed. Rio de Janeiro, 1982, p. 178.
[5] Bayón P. A.,  Género semblante – género real, In : https://zadigespana.com/2022/02/02/genero-semblante-genero-real/?fbclid=IwAR3U6OBGM8LbtmtowtWUPys88SM9Sj6RdzmLFhS0AJhio1wYisuyvBCdcSk
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