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San Kim. Fotografía: Instagram @sankim_official

San Kim. Fotografía: Instagram @sankim_official

Editorial

Por Nohemí Brown

Cernindo pontuações… Neste número da CE encontramos alguns feixes de luz que clareiam a espessura do tempo em que nos encontramos.

Gil Caroz faz uma instigante precisão entre a vertente da Interpretação “como elucubração de saber sobre um real” e a interpretação “do fora do sentido que possa tocar algo do real”. O que marca essa disjunção seria o encontro dos corpos, onde precisamente o princípio de abstinência torna presente o real da não-relação na sessão analítica e abre a possibilidade para que algum acontecimento de corpo ocorra, tendo como consequência a extração de um pedaço de gozo e um efeito de real. Neste sentido, o encontro dos corpos seria um princípio da psicanálise, mas nas particularidades da presente situação, onde esse encontro resulta impossível, há que se ter o cuidado de não tornar esse princípio um standard, com a condição de termos uma ideia do que se faz.

Já Stella Jimenez destaca a grande distância entre a nominação e o real que Lacan postulava. E a tendência em dar sentido ao acontecido que, nestes tempos, leva a transformar o contingente em necessário. Mas Stella também faz uma leitura sobre a situação atual da ciência. Ela propõe que o que levou a ciência a seu desprestígio foi sua rejeição do real e sua aliança com o discurso capitalista; mas, ironicamente, neste momento, a ciência, em sua relação com o impossível de tudo saber, é convocada desde outro lugar.

Por outro lado, a partir de seu encontro com o tecido do um a um no coletivo que é Escola, Maricia Ciscato retoma a figura do túnel que Bassols nos brindou como metáfora do tempo atual. Mas essa figura pode se tornar um oásis, no sentido de Arendt, entanto fontes vivas que possibilitam viver no deserto, sem nos reconciliarmos com ele.

Sob outra perspectiva, Glacy Gorsky recorta o silêncio de um luto impossível daqueles que neste momento não podem se servir de um ritual que marca essa passagem. O silêncio destaca a presença da morte e ela se pergunta: o que pode fazer a psicanálise? Que lugar para a palavra quando partimos do que Freud nos ensinou nestes momentos?

Lembrar a psicanálise – Por Gil Caroz – Leia mais

A vingança do Real – Por Stella Jimenez – Leia mais

Quando se escreve no “entre” – Por Maricia Ciscato – Leia mais

Algumas palavras … Por Glacy Gonzales Gorski – Leia mais

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