O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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for economicamente compensada, pode-se ficar certo de que sérios distúrbios
decorrerão disso.”
p. 118
FREUD, Sigmund (1933 – 1932). Ansiedade e vida instintual.
In:
_____.
Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros
trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 (Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 22)
“A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia. As pulsões são entidades
míticas, magníficas em sua imprecisão. Em nosso trabalho não podemos
desprezá-las, nem por um momento, de vez que nunca estamos seguros de as
estarmos vendo claramente.”
p. 98
“O primeiro objeto de nosso estudo era só as pulsões sexuais, cuja energia
denominávamos ‘libido’. Foi em relação a elas que procuramos clarear nossas
ideias a respeito do que é uma pulsão e do que se devia atribuir-lhe. Aqui temos
a teoria da libido. Uma pulsão, por conseguinte, distingue-se de um estímulo
pelo fato de surgir de fontes de estimulação situadas dentro do corpo, de atuar
como força constante e, de a pessoa não poder evitá-la pela fuga, como é possível
fazer com o estímulo externo. Em uma pulsão podemos distinguir sua origem,
seu objeto e sua finalidade. Sua origem é um estado de excitação do corpo, sua
finalidade é a remoção dessa excitação; no caminho que vai desde sua origem até
sua finalidade, a pulsão torna-se atuante psquicamente.
A finalidade pode ser atingida no corpo da própria pessoa; via de regra, inclui-se
um objeto externo, com relação ao qual a pulsão atinge sua finalidade externa;
sua finalidade interna permanece sendo a modificação corporal que é sentida
como satisfação. A evidência da experiência analítica mostra o fato indubitável
que as pulsões proveniente de uma fonte ligam-se àquelas que provêm de outras
fontes e compartilham de suas vicissitudes e, que de modo geral, uma satisfação
pulsional pode ser substituida por outra. (…) As relações de uma pulsão com a
sua finalidade e com seu objeto também são passíveis de modificações; ambos
podem ser trocados por outros, embora sua relação com seu objeto seja, não
obstante, a que cede mais facilmente. Um determinado tipo de modificação da
finalidade e de mudança do objeto, na qual se levam em conta nossos valores
sociais, é descrito por nós como ‘sublimação’.”
p. 99
FREUD, Sigmund
(1933 [1932]). Porque a guerra?: (Einstein e
Freud).In: _____.
Novas conferências introdutórias sobre psicanálise
e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, v. 22)
“O senhor expressa surpresa ante o fato de ser tão fácil inflamar nos homens
o entusiasmo pela guerra e insere a suspeita de que neles exige em atividade
alguma coisa –um instinto de ódio e de destruição– que coopera com os esforços
dos mercadores de guerra. Também nisto apenas posso exprimir meu inteiro
acordo. Acreditamos na existência de uma pulsão dessa natureza e, durante os
últimos anos temo–nos ocupado realmente em estudar suas manifestações. (…)
De acordo com nossa hipótese, as –pulsões humanas são apenas de dois tipos:
aquels que tendem a preservar e a unir– que denominamos ‘eróticas’, exatamente
no mesmo sentido em que Platão usa a palavra ‘Eros’ em seu
Symposium
, ou
sexuais, com uma deliberada ampliação da concepção popular de ‘sexualidade’
– e aquelas que tedem a destruir e matar, as quais agrupamos como pulsão
agressiva ou destrutiva. Como o senhor vê, isto não é senão uma formulação
teórica da universavelmente conhecida oposição entre amor e ódio, que talvez
possa ter alguma relação básica com a polaridade entre atração e repulsão, que
desempenha um papel na sua área de conhecimentos. Entretanto, não devemos
ser demasiado apressados em introduzir juizos éticos de bem e de mal. Nenhum
dessas duas pulsões é menos essencial do que a outra; os fenômenos da vida
surgem da ação confluente ou mutuamente contrária de ambos.”
p. 202-203
FREUD, Sigmund (1937 – 1939). Análise terminável e interminável
(1937). In: _____.
Moisés e o monoteísmo, esboço de psicanálise
e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976
(Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, v. 23)
“Dos
três fatores que reconhecemos como sendo decisivos para o sucesso ou
não do tratamento analítico –a influências dos traumas, a força constitucional
das pulsões e as alterações do eu– o que nos interessa aqui é apenas a segunda,
a força das pulsões. (…) ‘É possível, mediante a terapia analítica, livrar-se de
um conflito entre a pulsão e o eu, ou de uma exigência pulsional patogênica
ao eu, de modo permanente e definitivo?’ Para evitar a má compreensão não
é necessário, talvez, explicar mais exatamente o que se quer dizer por ‘livrar-se
permanentemente de uma exigência pulsional’. Certamente não é ‘fazer-se com
que a exigência desapareça, de modo que nada mais se ouça dela novamente’.
Isso em geral é impossível, e, tampouco, de modo algum, é de se desejar.
Não, queremos dizer outra coisa, algo que pode ser grosseiramente descrito
como um ‘amansamento’ (domesticação) da pulsão. Isso equivale a dizer que
a pulsão é colocada completamente em harmonia com o eu, torna-se acessivel
a todas as influências das outras tendências neste último e não mais busca
Sigmund Freud




