Trombada
Valéria Ferranti (EBP/AMP)
A pergunta/provocação a mim endereçada pela comissão editorial da Correio Express deu milhões de voltas em minha cabeça… “como foi seu encontro com o impossível de ensinar?”. Voltas em torno da mesma resposta: a todo momento!!!
Abri mão da Universidade e do que se desenhava como uma possível carreira acadêmica à medida que a disciplina me seduzia. Esmiuçar o texto na busca de transmiti-lo na íntegra gerava inequivocamente um fracasso e, quanto mais era tomada por “boa professora”, mais me angustiava, pois alimentava a vã ilusão de que o “saber” letrado poderia calar o rumor de lalingua.
Par e passo com minha análise e a aproximação com a EBP, uma afirmação extraída de uma conferência de J.-A. Miller no Brasil: o conceito não pode ser fechado em uma mão. Ou seja, o conceito não recobre a experiência com o inconsciente. Frase que experimentei nas muitas experiências tanto no Instituto como na Escola onde tomei a palavra.
Meu traço “professora” segue comigo, mas apenas no momento em que minha “trombada” com o impossível foi de fato – não teoricamente – incorporada pude incluir o furo no saber como uma boa maneira de fracassar. E, assim, o encontro diário com o impossível se tornou leveza e combustível para seguir no “duro do texto”.
