Acontecimento político – Extramuros do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras
Giovanna Quaglia (EBP/AMP, representante da EBP no Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras[1])
Em 18 de setembro, o plenário da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados foi ocupado por psicanalistas de diversas entidades psicanalíticas brasileiras, que vieram a Brasília para defender a psicanálise diante das tentativas de regulamentação e apropriação da formação psicanalítica por cursos de bacharelado. Tratava-se de fazer presença em Audiência Pública[2] que visou debater os perigos de eventual reconhecimento de cursos de graduação em psicanálise pelo Ministério da Educação.
A Audiência marca um acontecimento político importantíssimo para o Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras[3] e é resultado do trabalho de articulação de mais de 25 anos entre as diversas entidades psicanalíticas que compõem o movimento e que, ao longo de sua história, lutam em torno do elo comum, pela não regulamentação da psicanálise no Brasil.
Até chegar à proposta de uma Audiência foram meses em batalha árdua, corpo a corpo cotidiano, na articulação política com deputados federais, senadores, bem como junto ao MEC. Para a Audiência, o Movimento decidiu como estratégia levar à Mesa a fala de sete psicanalistas (das entidades do Movimento) que possuíssem maior visibilidade social, reconhecendo que a causa precisa ser vista por mais psicanalistas e ter maior engajamento político na sociedade.
Desse modo, é importante salientar que tanto o processo de preparação para a Audiência, com a mobilização e o engajamento das entidades para a participação no dia, quanto, agora, o pós Audiência, via ressonâncias e trabalhos que continuam, marcam um ponto de virada do Movimento no laço social. Saímos de nossas reuniões privadas e nos dirigimos ao público, extramuros ao Movimento, dando visibilidade e chamando os psicanalistas para essa causa comum que é a não regulamentação da psicanálise, bem como, a luta que ainda insiste e persiste, para o não reconhecimento pelo MEC dos bacharelados em psicanálise.
Referências:
CAMARGO, L. F. (2024). Regulamentação e Garantia. In: Correio Express, n. 28. Disponível em: https://www.ebp.org.br/correio_express/2024/04/07/regulamentacao-e-garantia/
EBP – Notícias sobre o Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras contra a tentativa de Regulamentação da psicanálise no Brasil. (2024). In: Radio Lacan. Disponível em: https://www.radiolacan.com/pt/podcast/ebp-noticias-sobre-o-movimento-articulacao-das-entidades-psicanaliticas-brasileiras-contra-a-tentativa-de-regulamentacao-da-psicanalise-no-brasil/3
Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas contra a Regulamentação da Psicanálise no Brasil. (2024) In: Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/movimentoarticulacao/
QUAGLIA, G. (2024) Da clínica ao Político: o ato não regulamentável. In: Correio Express, n. 28. Disponível em: https://www.ebp.org.br/correio_express/2024/04/07/da-clinica-ao-politico-o-ato-nao-regulamentavel/
[1]Junto com Eliane Costa Dias e Márcia Zucchi.
[2] A gravação com a íntegra da audiência está disponível no canal da Câmara dos Deputados no YouTube:
[3] O Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras é uma coalizão de diversas instituições psicanalíticas brasileiras que se uniu para defender a psicanálise, especialmente contra tentativas de regulamentação profissional. Criado em 2000, o movimento busca garantir que a prática psicanalítica, baseada em um tripé de formação (análise pessoal, seminários teóricos e clínicos e supervisão), seja preservada como um ofício autônomo, leigo e laico.
