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    Foto: Gustavo Speridião

    EDITORIAL

    Cassandra Dias Farias (EBP/AMP)
    Fátima Pinheiro (EBP/AMP)

    A temática deste número da Correio Express parte de duas perguntas. A primeira pode ser formulada da seguinte maneira: por que a singularidade de uma análise sempre vem em meio a formas culturais predefinidas? A segunda pergunta, formulada por Miller e apresentada adiante, já traz em si uma resposta que nos serve de orientação.

    “Por que o que fazemos, nós psicanalistas, não toma a forma de um saber no real?”, pergunta Miller. Sua resposta é contundente: “porque toma a forma da cultura, já que somos muito dependentes da atualidade da cultura, mesmo que ela seja “difícil de engolir””. Essa “dificuldade de engolir” se apresenta a nós porque, orientados por Lacan com Joyce, sabemos ser a singularidade da letra o que permite descompletar o universal da cultura. Há, portanto, uma exigência cada vez maior de localizar qual é o trabalho do psicanalista e qual é a sua diferença, diante da multiplicidade

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    Como não ser um amante das artes?

    Márcia Rosa (EBP/AMP))

    Em um momento inaugural de seu ensino, Lacan se serviu da linguística e da lógica, elaborando a partir delas uma definição do inconsciente como um saber inscrito no real, como um saber comparável àquele que decifra a ciência, ou seja, não um real bruto, mas um real inseparável de suas leis, as leis do significante e de sua lógica; um real que ultrapassa o campo do sensível e do imaginário e se estrutura, se decifra, se matematiza tal como aquele da ciência.[1]

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    Resistir à monocultura

    Flávia Cêra (EBP/AMP)

    Minha reação, não sei se por vício ou sobrevivência, quando vejo alguma coisa predominando – como o avanço dos algoritmos e da IA, mencionados no argumento deste número –, é olhar para o que é menor, para o que cresce rasteiro, como gramíneas insistentes, como brotos de algo muito novo. Manter aceso o desejo de saber é vital para não ser absorvido pelo “sempre foi assim” ou pela perplexidad

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    Delírio e singularidade no mundo contemporâneo

    Cristiano Alves Pimenta (EBP/AMP)

    A pandemia parece ter consolidado o recurso ao saber para fazer frente ao real. Cursos via internet sobre todos os temas possíveis atingiram níveis nunca antes alcançados. A Universidade deixou de ser o lugar privilegiado para aquisição de saber. Assim, o sonho por um saber que desse acesso ao segredo das leis que regem o funcionamento do real se mantém.
    Portanto, a queda do Nome do Pai em vigor não implica queda da crença em um saber. No último ensino de Lacan o saber é definido como sendo “delírio”, ou seja, uma articulação significante que gera efeitos de sentido e que está ligada à crença do sujeito, pois “não nasceu quem conseguirá distinguir o saber e a crença”…

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    Sobre o artista Gustavo Speridião

    Fátima Pinheiro (EBP/AMP)

    Convidamos Gustavo Speridião, destacado artista brasileiro contemporâneo, para participar do Correio Express 27, pelo fato de seus trabalhos permitirem uma instigante interlocução com os textos deste número. Speridião investiga, ao longo do tempo, a pintura, a fotografia, o vídeo, o desenho, e, através de inúmeros cadernos, utilizados como fonte de pesquisa, registra ideias e pensamentos. Seus trabalhos exploram situações e experiências do cotidiano e têm como temática as questões discursivas contemporâneas. Ao investigar de maneira crítica e irônica a realidade – social, cultural e política –, seus trabalhos servem de desafio, testando os próprios limites da arte e da representação. Contudo, o fazer de Speridião, ao utilizar a escrita e o poema para operar frente à cultura de nosso tempo, não nos deixa esquecer que a discussão sobre a arte é também uma discussão política.o.

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