Dobradiça de Cartéis

Março de 2015

DOBRADIÇA DE CARTÉIS Nº 18

Boletim eletrônico dos cartéis da EBP

 

Dobradiça de Cartéis

 

 

Editorial

Grão

Paola Salinas

 

Desejar não é o bastante.

 

Incluir a dimensão do corpo que escapa à linguagem, do gozo, é decisivo para tratar daquilo que não passa por uma construção de saber.


O desejo como articulação linguageira, necessário, não é suficiente. Algo se dá em ato, o que implica o gozo.

 

Coordenar a Comissão de Cartéis e fazer parte do Cartel em que ela se constituiu permitiu que o Cartel, dispositivo que sempre me fora caro, fizesse parte do meu cotidiano de uma nova forma. Cartel: a Escola em ato.

 

Estar em um Cartel, obter dele um produto, inclui a singularidade, não sem o encontro com o furo da linguagem, com a insuficiência do saber, e com o efeito de massa e de identificação. Não se abster de sustentar a lógica lacaniana claramente expressa em sua Escola, no Passe e no Cartel, é incluir em nossa comunidade um fazer com aquilo que atravessa o falasser e não tem palavra. Abrir a possibilidade de uma saída que evita a proteção – pela via do grupo – do solitário do gozo, e que possa enfrentar a demanda de amor e seu fracasso.

 

Uma instituição de analisantes, cartelizantes e passantes. Um furo no centro que permite que cada um se coloque, que vários se escutem, que se trabalhe, que se discorde e, principalmente, que se zele pelo laço. Não mais invocando o amor, mas o que dele pode restar na transferência de trabalho.

 

O dia a dia com o Cartel, e com toda a equipe, Diretorias de Cartéis das Seções e Delegações, Comissão de Cartéis, Diretoria da EBP, e nossa querida Diretora de Cartéis, possibilitaram a fecundidade do vivo.

 

Grão, que se confunde com o nome de mulher1 , tem que morrer pra germinar e abrir possibilidades num trabalho que está para além e em cada um, numa lógica que inclua o não-todo, desconhecido e suposto.


1 A música de Gilberto Gil, Drão, em homenagem à ex-mulher Andrea, que faz homofonia ao Grão, do amor entre eles que se transmuta após a separação do casal.

 

 

 

Escrita cartelizante

Trabalhos apresentados no Evento Cartéis no XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano

Belo Horizonte, 21 a 23 de novembro de 2104

 

Fazer-se um corpo: será arte?

Glaucinéia Gomes de Lima

 

Eu conheço um estado fora do espírito, da consciência, do ser, e que não há mais nem palavras nem letras, mas onde se entra com gritos e golpes. E não são mais sons ou sentidos que saem, não mais palavras, mas corpos (Antonin Artaud).

 

Este trabalho visa interrogar o estatuto do corpo falante, através de uma saída pela arte como via encontrada pelo sujeito frente ao mistério que consiste o corpo como Outro. O corpo, que porta inscrições, cicatrizes e marcas, lugar de inscrição do significante, pode ser Outro para o sujeito. Para interrogar o estatuto que o corpo falante pode adquirir para uma mulher e o destino que, no singular, cada mulher pode dar para o enigma que pode se constituir o seu corpo, o ser mulher e o amor, discutimos as imagens do corpo na obra da fotógrafa americana Francesca Woodman.


Miller1 refere-se ao corpo falante como mistério, efeito da união da carne com a palavra. Aponta que o corpo se introduz no ensino lacaniano como imagem no espelho. No corpo imaginário, as palavras fazem entrar as representações, constituindo um mundo ilusório sob o modelo da unidade do corpo.


O sujeito pode buscar falar com o seu corpo a partir do seu sintoma, da arte, do movimento. O sujeito pode ter uma relação com o corpo de desmedida, de estranhamento, de desencontro. Há uma separação entre o corpo e a carne na inscrição do Outro através do significante que recorta, desvitaliza e cadaveriza o corpo. O corpo falante goza de si mesmo, condensando e afetando-se de gozo. Este corpo falante goza também fora do corpo pela via do gozo da fala através do gozo fálico, que é discordante em relação ao corpo2.


Se há no corpo um gozo opaco, pode-se encontrar na arte, tal qual Joyce, um gozo tão opaco como o sintoma. A arte seria para Joyce o escabelo, aquilo sobre o qual o falasser se ergue para se fazer belo, que permite o cruzamento da sublimação com o narcisismo. Miller3 recolhe a palavra escabelo, do livro sobre Joyce. O escabelo é uma espécie de pedestal, um degrau que permite um elevar-se, sobre o qual o sujeito pode se erguer para se fazer. Fazer arte com os escabelos destinados a fazer arte com o gozo opaco do sintoma.


Lacan4 diz que a sublimação recupera o objeto de gozo através da arte. Ao buscar conectar o belo ao horror, o sujeito encontra o gozo pela via da arte, núpcias taciturnas da vida vazia com o objeto indescritível. Francesca Woodman, americana, começou a fotografar aos 13 anos, em preto e branco, usou o corpo como matéria prima e matéria bruta, superfície de trabalho e obra de arte. O corpo era lugar de permanente investigação, recorria à imagem para problematizar e resistir à identidade do corpo. O sujeito da sua fotografia era efusivo, indeterminado, instável, sem diferenciação entre o sujeito e o objeto, entre o fotógrafo e a imagem5.


Seu trabalho era ligado à performance, à concepção, e execução dos seus trabalhos eram ligadas à encenação e teatralidade. "Eu mostro aquilo que não se vê – a força íntima do corpo"6 . Nas suas imagens, o corpo é descentrado, põe em questão os limites do enquadramento, interroga a relação figura/fundo, que se confundem, se misturam, se amalgamam, se perdem, sem contornos precisos. O sujeito se afirma na indefinição, no desaparecimento e na evanescência. Expressa o corpo em seu apagamento, dissolução, dispersão e desaparecimento. O corpo que se esconde, reaparece e torna a aparecer, foi uma forma de fazer um profundo mergulho naquilo que parece ser uma questão que insistiu em sua obra: o que é ter um corpo? Tentou construir como um corpo real. Entre panos, espelhos, objetos, ela tentou capturar o incapturável, o invisível no visível. "Você não pode me ver do lugar onde me olho"7 .


Se A mulher não pode se dizer, foi como corpo que Francesca tentou se retratar. Ela trouxe para a arte da fotografia a dimensão do estranho que faz mancha naquilo que se vê8 . Ali onde uma mulher se confronta com o seu corpo como mistério, pode-se pensar que Francesca tentou encontrar na arte, um pedestal que poderia permitir um gozo opaco para fazer face ao indizível do gozo feminino: "[...] sinto que o que eu faço trata de mim por um monte de razões equivocadas. Simplesmente me sinto muito só"9 .


Em cada retrato que fez de si mesma, Francesca buscou dar um contorno ao sem limites, para não sucumbir ao abismo da inexistência e, enquanto fotografou, fez de sua arte um apelo a expressar-se: "Esta ação que prevejo não tem nada a ver com o melodrama. Eu era, sou, única, especial. Por isso, sou artista. Inventei uma linguagem para que as pessoas vissem as coisas cotidianas, como eu as vejo e ensinar-lhes algo diferente. Mas não posso fazer nada se não posso tomar a grande cidade, ou perco a confiança ou perco o coração. Não se tem que dar lições aos outros, só o outro lado10 ".

 


1 MILLER, Jacques-Alain. "O inconsciente e o mistério do corpo falante. Apresentação do IX Congresso da Associação Mundial de Psicanálise" http://wapol.org/es/articulos/Template.asp?intTipoPagina=4&intPublicacion=13&intEdicion=9&intIdiomaPublicacion=1&intArticulo=2742&intIdiomaArticulo=1

2 MILLER, Jacques-Alain. Ibidem.

3 MILLER, Jacques-Alain. Ibidem

4LACAN, Jacques. "Homenagem a Marguerite Duras pelo arrebatamento de Lol V. Stein". In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 204.

5 BERNSTEIN, A. Francesca Woodman: fotografia e performatividade.
Disponível: http://revistaportfolioeav.rj.gov.br/edicoes/03/?p=1367

6 The Woodmans (2010). Documentário. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=T2hXBy2ofl0

7 The Woodmans. Ibidem.

8 MILLER, Jacques-Alain. Silet. Os paradoxos da pulsão de Freud a Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

9 The Woodmans. Ibidem.

10 The Woodmans. Ibidem.

 

Devastação: um destino possível para o amor

Lenita Bentes

 

A escolha amorosa está sujeita a vicissitudes e, entre elas, a de que tal escolha possa recair sobre um parceiro do mesmo sexo. Os laços que tecemos na relação com o Outro indicarão, a posteriori, não só o estilo que empreenderemos na relação com o outro, como também a escolha do objeto amoroso. Não nascemos homem ou mulher, nos fazemos homem ou mulher. Quando a escolha do objeto amoroso é do mesmo sexo, muitas vezes, esta levará um bom tempo para se efetivar e a devastação abre a via para que a mesma tenha lugar.

 

Freud, no caso da Jovem homossexual1 indica a mostração, o acting out, como a maneira que encontrou a "Jovem" de dizer ao pai como um homem deveria amar uma mulher. Este é incluído no circuito da relação com a dama, pela via do olhar. Olhar furioso que a leva à radicalidade do ato, a passagem ao ato, deixar-se cair como dejeto, já que o pai faltou com a promessa de dar-lhe o filho/falo. Devastada, desafia aquele de quem gostaria de ter sido o objeto do desejo. Demanda o amor, diz Lacan, "chega a se vangloriar do amor cortês" 2. Em "Diretrizes para um Congresso sobre a Sexualidade Feminina" diz que a homossexual não renuncia de todo ao seu sexo, pois é ao feminino que se dirige, inclusive quando renuncia ao objeto incestuoso e, identificando-se a ele, elege alguém de seu próprio sexo como parceiro."3 As fórmulas da sexuação indicam que a posição feminina vai para além do falo, sem o desconsiderar. Elas indicam que uma mulher pode ser objeto fetiche da fantasia do homem mas, o que está escrito com a flecha que parte do A barrado? Este A não se pode dizer, pois nada se pode dizer da mulher. "Em relação com S de A barrado e nisso ela se duplica, ela não é toda pois do outro lado, ela pode ter relação com o ?. [...] o significante que não tem significado [...] que se suporta no homem pelo gozo fálico"4 . Uma mulher histérica com defesas obsessivas, ou seja, "[...] a que banca o homem, como eu disse, por serem homossexuais ou em ex-sexo, também elas, sendo-lhes difícil não sentirem o impasse que consiste no fato de elas se mesmarem no Outro, pois enfim não há necessidade de se saberem Outro para sê-lo" 5.

 

 

"Se uma mulher é um sinthoma para todo o homem [...], o homem é para a mulher tudo o que quiserem, a saber, uma aflição pior que um sinthoma"6 . Podemos dizer uma devastação. Cinco anos depois do texto das "Diretrizes...", Lacan, na homenagem a Marguerite Duras sobre "O arrebatamento de Lol V. Stein"7 , diz sobre a cena da devastação:


A cena de que o romance inteiro não passa de uma rememoração é, propriamente, o arrebatamento de dois numa dança que os solda, sob o olhar de Lol, terceira, com todo o baile, sofrendo aí o rapto de seu noivo por aquela que só precisou aparecer subitamente.8

 

O que quer uma mulher é o amor. O que quer a homossexual? A "Jovem" de Freud foi traída em seu desejo. O que a leva à tentativa de resolução pela via da rivalidade homossexual. É em razão da traição que advém a dama como parceira vingança, como objeto de desejo, mas, também, como suposta deter o saber sobre o feminino. A vingança trouxe como efeito a passagem ao ato, a não ser senão o que temia, um objeto desprezível.

 

Diferentemente da "Jovem" que se dá a ver com a dama, Lol se esconde, ela vê! Dois destinos para o amor quanto à devastação. Cada uma destas em posição diferente quanto à pulsão. Uma dá-se a ver e a outra vê. Uma sai de cena na passagem ao ato e a outra permanece presa à cena por anos. Lol é seu próprio olhar, não é mais que um olhar.

 

"Amar é dar o que não se tem"9 , dar o que se tem é a festa"10 . Isto quer dizer a anulação completa do ter. O ser está mais além do ter e isto, nenhuma destas mulheres atinge. No jogo imaginário do ter e do ser, efeito da função fálica, o que um sexo vai buscar no outro? O homem, o objeto fetiche, e a mulher, o objeto erotomaníaco.

 

O que busca a homossexual se ela não renuncia inteiramente a seu sexo? Porque Outra mulher? Uma resposta inicial é que a Outra mulher encarna para ela a presença do amor: "à medida em que o amor fala e ela, a homossexual, quer saber sobre o A barrado na esperança de que a Outra saiba sobre o seu gozo, gozo marcado pela ignorância. A homossexual não renuncia inteiramente a seu sexo nem ao saber sobre este gozo"11 . "É para aquele a quem supomos o saber que se dirige o amor" 12.

 

Ressalto duas posições perante a devastação amorosa: a "Jovem Homossexual" que, em seu arrebatamento, faz uma passagem ao ato, e Lol V Stein que, a partir de uma cena que a arrebata, a cena do baile, adoece por toda vida, sem jamais deixar a cena. Deambula em suas lembranças, ao acaso, sem poder curar-se do amor perdido.

 

Que real trazia para a jovem o olhar furioso do pai? O horror de não ser. Que real, para Lol na cena do cassino que deflagrou a imutável sucessão de dias, ainda, dez anos depois, em busca de um amor perdido? Com o abandono, fazer-se um ser. Para ambas a captura mortífera e dois destinos, diferentes, para o amor.

 

A devastação é uma dor que não conhece limites. "Devastar" (ravage), em francês, deriva de "arrebatar" (ravir), do latim raspire, que quer dizer "apreender violentamente" e deriva de rapto. Este verbo é um termo da mística, assim como deslumbramento (ravissement). E, no horizonte do arrebatar, há o êxtase. É um termo que tem valor erotomaníaco.

 

"Há uma dimensão de perda no relativo à mulher. Há aquela que está perdida, porque não se escuta, nem contesta e a intrépida, que não tem nada a perder"13 . Duas posições frente ao gozo feminino, quando este sofre a infiltração do supereu levando à devastação. A "Jovem Homossexual" não tem nada a perder, quer saber sobre este gozo, enquanto Lol entrega sua vida ao servilismos da cena que a devastou, a perda do homem que amava para outra mulher. Ela está perdida.


1 FREUD, S. "A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher". In Obras Completas, vol, XVII, Imago Ed, 1980.

2 LACAN Jacques. "Diretrizes para um congresso sobre a sexualidade feminina". In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, pág. 744.

3 Idem, pág 744.

4 LACAN, Jacques. O seminário livro 20, mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1982, pág. 109.

5 LACAN, Jacques. Ibidem, pág. 114.

6 LACAN, Jacques. O seminário, livro 23, O Sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007, pág. 98.

7 DURAS, Marguerite. O deslumbramento. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1998. (Título original Le ravissement de Lol V. Stein, Éditions Gallimard, 1964).

8 LACAN, Jacques. "Homenagem a Marguerite Duras pelo arrebatamento de Lol V. Stein". In Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, pág 199.

9 LACAN, Jacques. O seminário livro 8 A transferência. Rio de  Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2992, pág. 41.

10 LACAN, Jacques. Ibidem, pág. 345.

11 LACAN, Jacques. "Diretrizes para um congresso sobre a sexualidade feminina". In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, pág. 744.

12 LACAN, Jacques, apud Miller, Jacques-Alain. "Uma partilha sexual". In Clique Revista dos Institutos Brasileiros de Psicanálise do Campo Freudiano n. 2, agosto de 2003.

13 MILLER, Jacques-Alain. "Uma partilha sexual", Op. cit.

 

 

Testemunhos de um trabalho

Comissão de Cartéis Ampliada

 

A areia a Ostra e a Pedra no Sapato

Elza Marques Lisboa de Freitas

 

Vou retomar aqui algumas reflexões que tenho podido fazer sobre o Cartel, esse dispositivo que, posto a funcionar, pode ser tratamento justamente para o narcisismo das pequenas diferenças.


Em primeiro lugar, pela exigência de uma posição subjetiva específica vinculada à função do Mais-Um. É inerente a essa função uma posição pela qual o Mais-Um, mais do que conhecedor do tema que é base para o Cartel, seja um conhecedor do que é o Cartel e seu papel na Escola.


O Cartel é indissociável dos fundamentos teóricos e da política da Associação Mundial de Psicanálise. Talvez seja o dispositivo pelo qual os implicados nele são remetidos para um compromisso direto para com o saber, e ainda um outro, àquele que por força fundante se impõe sobre o exercício do poder. Justamente porque todo o poder fica depositado no arcabouço de funcionamento.


O único poder intrínseco ao Cartel é aquele que é determinado por suas regras de funcionamento. Regras quanto ao tempo de duração, sua formação, término ou dissolução. Além delas, a forma bem definida de implicação do Mais-Um em seu trabalho, do impedimento de cola imaginária e de instigação à singularidade da produção dos membros. Subtraindo-se isto que é posto de saída temos como resto uma circulação de saber e a insistência do desejo de saber.


O Cartel não se presta a nenhuma posição de poder, ainda que desde o princípio da Escola tenha sido colocado junto às instancias diretivas – há no estatuto da Escola uma Diretoria de Cartel. Ao fundá-lo sob essa rubrica, Lacan faz dele, juntamente com o Passe e ao sufrágio, uma pedra fundante. Origem. Toda origem inaugura algo.


Na instituição, Cartel tem dupla inscrição: de um lado uma inscrição fundante, de gênese, cicatricial e não removível. De outro lado, a função executiva, que dirige e organiza. Ocupa um lugar como o nome diz, de dirigir. No caso da Diretoria de Cartel, essa função diretora vem acoplada aos fundamentos do Cartel enquanto dispositivo da psicanálise na Escola. Assim dirige um funcionamento, numero de Cartéis, formação do Cartel, alistamento de temas e nomes de pertencimento. Mas é justamente sua inserção de gênese da Escola, por não ser passível de apagamento, que permite hoje que um Cartel busque suas novas possibilidades sem que aquilo que há de fundante desapareça.


Se vocês se lembram, isso acontece também com o Passe. Longe de desaparecer por ocasião em que dificuldades apareceram, esse dispositivo permanece reafirmado na Escola, dando frutos inestimáveis, provocando novas direções e questões e, principalmente, fazendo laços e enlaços. Ponto em que zelamos face às identificações cegas em jogo na Escola e em nós mesmos.


Na ocasião de ter sido eleita como Diretora de Cartéis, fui tocada por esse entusiasmo que acompanha o trabalho criativo. E meu ganho com esse exercício tem sido incomensurável. O Cartel tem voz na Escola, é preciso que fale, que nós, responsáveis provisórios pelo Cartel o ponhamos a falar. Ter esta função de direção nos Cartéis nos ajuda, pois durante dois anos estamos em posição de falar e seremos omissos se não o fizermos.


É como na clínica. Estamos num lugar de direito (quando realmente o temos), e a função transferencial, embora não apenas ela, nos autoriza. Por isso nos autorizamos a nós mesmos, mas há algo da própria função que também o faz, também autoriza. O advento do inconsciente pensado como contingente faísca – tendo por consequência o surgimento de uma manifestação de "transferência" incandescente, instantânea, num fragmento de tempo –, permite que avancemos de modo interessante a partir do Ultimíssimo Lacan, não somente na clínica, como também na condução do dispositivo, em nosso caso o do Cartel. Lacan contra Lacan, entra pelo furo da sola de nossos sapatos, alguns novos, outros usados. E aqui surge para ser pensado junto ao dispositivo.


É onde a psicanálise nos tocou indelevelmente que nos oferecemos a esse trabalho. O Cartel é uma pedra que rolamos até o cimo do morro incessantemente, ou um manto que tecemos de dia e desfazemos a noite. O Cartel não é para ficar pronto. O que nos suporta nessa missão impossível, na transmissão e na clínica, é o ponto em que a transferência nos marcou, em nossa formação, no maior rigor desse termo. Transferência de trabalho.

 

Termino com uma conclusão que me ajuda a seguir adiante:

 

Mais do que uma prática e suas regras que incitam a produção, e isso constitui Cartel sem dúvida, oCartel é um princípio e como tal está inscrito de modo indelével. É amarração, umbigo, cerne. Não dispositivo único, mas singular. É princípio para a psicanálise onde escolhemos morar. Como o Passe, que sendo um princípio, exatamente por isso pode sofrer modificações sem deixar de ser principio, marca diferencial.


Lembro Miquel Bassols em sua fala no Encontro Brasileiro em Belo Horizonte, onde empregou a expressão que usei em algum lugar do Dobradiça de Cartéis, mas me referindo ao Cartel. A expressão é "pedra no sapato" – a própria psicanálise é uma pedra. Pedra destinada a ficar mal colocada entre minha pele e o solo, entre minha pele e a sola do calçado, a machucar, a não me deixar o alívio da acomodação. Por Freud foi chamada de peste. Está sempre rente ao Mal-estar na civilização. Incomoda, geneticamente.


Achei feliz o uso feito por Bassols que ratificou o uso feito por mim. Cartel e Psicanálise são indissolúveis. E há que ser produzida todo dia, como com a areia incomoda a ostra produz a pérola, única a cada vez. Grão de areia para a Ostra produzir sua pérola. Pedra nos lembrando que o caminhar pede esforço. Desarranjo em nossa tendência ao grupo para que a psicanálise se dê e a Escola se faça todos os dias.

 

 

 

ENTREVISTA A CARLOS AUGUSTO NICÉAS POR ANA APARECIDA ROCHA

 

Realizada no Encontro de Cartéis em Natal, no dia 23 de agosto de 2014.

 

Ana Aparecida Rocha: Para você, qual seria o lugar do Cartel na formação do analista hoje?


Carlos Augusto Nicéas: A Diretoria de Cartéis da atual gestão de Marcelo Veras, cuja a Diretora Secretária é a Pepita (Maria Josefina Fuentes), pretendeu dar durante toda a gestão um lugar primordial para o Cartel.

 

Havia uma constatação de que a própria conceituação do Cartel, o próprio dispositivo do Cartel estava, digamos assim, desfigurado. Constatamos que muitos Cartéis funcionavam como pequenos grupos de estudo. "Vamos ler o Seminário tal de Lacan?". Assim as pessoas se reuniam em Cartéis como se este fosse só um grupo com x participantes. Mas, quando se vai para o Cartel com essa disposição de estudar somente um Seminário, todos querem estudar juntos e, em geral, a função do Mais-Um também se desfigura, porque foi contra o Analista Didata que Lacan pensou tal função. O Mais-Um não é alguém que sabe mais; ele dá sustentação ao desejo de cada um de avançar na psicanálise, de contribuir, sobretudo com a sua pequena produção em Cartel.

 

Então, eu responderia com a própria definição de Cartel de Lacan para falar do seu lugar na formação do analista. Ele é o órgão de base da Escola. Então, é como se o analista começasse a se formar pelo Cartel. Mas, que o Cartel seja a porta de entrada da Escola e o órgão de base, não quer dizer que seja o primeiro degrau onde se participa da Escola para depois passar a outros planos mais importantes. "Base" quer dizer que essa Escola só existira em função da produção em Cartel de cada um.

 

Ana Aparecida Rocha: O que você diria sobre o Cartel para as pessoas que estão se aproximando da Escola, começando sua formação analítica?

 

Carlos Augusto Nicéas: Eu diria isso que acabei de dizer, o que Lacan disse sobre o que ele quis com o Cartel, porque essas pessoas estão entrando em uma Escola de orientação lacaniana.Então, eu apresentaria o Cartel a partir da preocupação que Lacan teve com um funcionamento de Escola e não de uma Sociedade de Psicanálise onde há o Didata que ensina e o candidato que terá de atravessar uma série de exigências de formação, enquanto Lacan fundou uma Escola com um órgão de base que se chama Cartel. Então, eu apresentaria o Cartel como esse órgão de base para qualquer um que se aproxima da Escola de Lacan e ofereceria a possibilidade de começar como "cartelizante".

 

A maioria das pessoas que procura a Escola têm alguma prática, ainda que incipiente, e várias questões sobre tal prática. Então, eu ensinaria como funciona a constituição de um Cartel: essas pessoas reunidas podem perceber que as questões, às vezes, desembocam num denominador comum sobre a prática de cada um e, com a ajuda do Mais-Um, podem viabilizar um trabalho sobre essas questões para tentar construir respostas para elas.


Em segundo lugar, eu diria o que é o Mais-Um. Pode ser que essas pessoas conheçam um colega que também está entrando e querendo se aproximar da Escola, e que elas sintam que é alguém que também deseja aprender e pensar. Então, esse desejo desse colega, que não é alguém que sabe mais do que eles, pode funcionar como Mais-Um. Isso não invalida que se convide alguém que já tenha desenvolvido tais questões em trabalhos dentro da Escola, apresentado em congressos. O importante é que esse Mais-Um não ocupe o lugar de mestre. Isso é fundamental.

 

Ana Aparecida Rocha: Em sua opinião, algo mudou em relação ao Cartel desde sua fundação até os dias atuais?

 

Carlos Augusto Nicéas: Mudou muito. Mudou a ponto de Jacques-Alain Miller constatar que o Cartel não tinha mais atração dentro da Escola. Isso há alguns anos. Inclusive, eu vou hoje ler um pequeno texto que fiz para o meu Cartel e que foi publicado no Boletim A Diretoria na Rede 2, no Dobradiça de Cartéis, e que trouxe para vocês 1. O Cartel já esteve mais ou menos perdido para a Escola. Não havia muito interesse e constatamos isto aqui no Brasil. Constatamos, por exemplo, que analistas com um percurso maior, em geral, preferiam dar seminários a serem Mais-Um de Cartel. Eles eram convidados e recusavam. Essa crise do Cartel atravessou também a Escola Brasileira de Psicanálise. Daí apostamos na re-agalmatizacão do Cartel, como se diz, para ver no que dá.


Estamos atualmente tentando verificar o efeito dessa renovação do Cartel. Temos colhido frutos muito bons, porque o número de Cartéis quase dobrou na Escola. Muita gente foi consentindo com o lugar que a Diretoria de Cartéis passou a dar ao Cartel. Por exemplo, hoje eu estou aqui e hoje temos uma Jornada de Cartéis na EBP-RJ. Sempre há algum membro da Diretoria de Cartéis nas Jornadas locais. Houve um incentivo, com a presença dessa Diretoria, que funciona em forma de Cartel. Sou o Mais-Um da Diretoria de Cartéis da EBP, funcionando em forma de Cartel. Então, estamos trabalhando incentivando o Cartel ao máximo. As publicações de cartelizantes são publicadas no Dobradiça de Cartéis, mantendo essa produção que pode se abrir para toda Escola através do Boletim.


Enfim, é o que queremos, que cada vez mais o Cartel se firme dentro da Escola e volte a ser o que Lacan quis com ele na sua Escola. Então, há uma renovação no sentido de produção e preocupação com a vida dos Cartéis em cada uma das Seções e Delegações.


AME da EBP e Mais-Um do Cartel da Comissão Nacional dos Cartéis na EBP.

Responsável pelos Cartéis da Delegação Rio Grande do Norte.

1 Texto intitulado "A solidão do pequeno grupo"

 

 

Trabalhos apresentados no "Momento Cartel" na Delegação Paraíba

 

Mallarmé, a linguagem para assegurar o que somos

Alice Silva Tocchetto

 

Desde o "Relatório de Roma", Lacan nos diz da importância do campo da fala e da linguagem em psicanálise. Em 1957, na "Instância da letra..."1 , inspirado nos linguistas, ele diz da ilusão de que o significante atende a função de representar o significado. Diz também do sujeito como efeito da imersão do homem na linguagem, que antes mesmo de falar é falado, pois o significante fala nele e através dele. E que se a língua existe pode servir para expressar algo completamente diferente do que ela diz.

 

A fala como veículo que transmite desejo, que vai para além dos muros da linguagem e acontece também no silêncio e nos interstícios, na hiância. Assim o entende Stéphane Mallarmé, poeta contemporâneo de Freud que nasceu em Paris, em 1842, nesse século que foi fervilhante em mudanças na ciência e trouxe novos olhares ao mundo da literatura e artes.

 

Mallarmé teve uma existência marcada por grandes faltas. Perdeu a mãe e a irmã na infância e, mais tarde, seu filho Anatole com apenas oito anos, o que o reduziu ao silêncio e ao horror. A partir desta perda, agarrou-se às palavras como possibilidade de encontrar algo que o fizesse continuar vivo, pois para ele a linguagem era a vida que carrega a morte. Como já o disse Marguerite Duras "Achar-se no fundo de um buraco, [...] numa solidão quase total e descobrir que só a escrita pode nos salvar."2

 

Admirador de Baudelaire, que iniciara uma nova forma de se expressar, Mallarmé foi alquimista da linguagem vivendo em luta constante pela beleza e perfeição, podendo trabalhar meses para construir um único poema, sempre em tormentosa experiência de busca pela completude, penetrando no reino das palavras e tirando-as de seu contingente pela necessidade rítmica do verso, que não era apenas uma questão de sons, mas de todos os aspectos de sua existência. Poder colorir e fazer música com a letra.

 

A força do trabalho de Mallarmé está na letra, que é o excedente transbordando em vida, muitas vezes fora de sentido (Por que tudo deveria ter sentido?). Era muito jovem quando iniciou nova poética: Não elaborar conceitos, mas idéias, noção, tipo ou figura. Pintar na coisa mais efeito do que ela produz, dando maior importância ao significante que aos significados: "A noite sangra por entre as telhas" 3.

 

Em cartas aos amigos, narrou sua intenção de escrever O Livro, um poema em cinco volumes, que levaria 20 anos para concluir e que totalizaria o mistério órfico da terra, a obra perfeita que daria sentido à sua vidam, e esta foi sua meta até o final: a busca da relação sexual que não existe, por ele próprio reconhecida. "Eu a sonho tão perfeita, que não sei se existirá um dia". Sonhava alçar o livro ao estatuto de objeto. "Quanto ao Livro, é caracterizado por Lacan como "fantasma poético por excelência".4

 

Mallarmé escreveu sobre a mulher, A mulher que não existe. Aos 22 anos, começou a obra Herodiade, que para ele era signo de poesia feito mulher. Herodias, a própria beleza, a mulher apaixonada por ela mesma, signo da virgindade, mulher mito, soma de Herodias+Salomé. A sensualidade e sagacidade de Herodias e a beleza juvenil de Salomé. O poema foi como um tentar fazer existir A mulher pela escrita, tentar casar a palavra com a idéia numa invenção de algo com a feminilidade, levando em conta as impressões da pulsão oral e escópica que sofreram em vida Herodias e João Batista, no mito bíblico.

 

Herodias é o fantasma da castração. No apocalipse do sol a esperança de renascer de alguma forma, pois que o poeta se sentia morto, segundo ele, apenas escrevivia. Herodias, a personagem, passa a ser o símbolo e o objeto de desejo dentro de uma triangulação fantasmática que se forma aí: Herodias, o sol e João Batista decapitado. Renascer pela função mágica das palavras que a obra lhe traria.

 

Outra obra importante é L'après-midi d'um faune (1876), traduzido como À tarde de um Fauno, que é conhecido por ter inspirado Claude Debussy e ter sido um marco na história do simbolismo na literatura francesa, onde Mallarmé usou da musicalidade na poesia como uma das características mais destacadas. Palavras com uma torrente de significantes que ressoam sem obrigatoriamente levar a significados, aproximando poesia e música, dando ênfase ao imaginário, à fantasia e à sinestesia. Ele escolhe o vago, o indefinido, o impreciso, além de utilizar obsessiva simbolização com o espaço e o vazio como junção de significantes e do espectro de cores.

 

De acordo com Fabíola Ramon, Mallarmé ofereceu bases para as vanguardas do início do século XX, pois rompeu com o formalismo e as normas da escrita corrente com sua sintaxe singular, poetando em nova concepção de linguagem, deixando de lado a metrificação, expandindo o verso e rompendo com as rimas, associando palavras pelo som e pela visualidade que acreditava portarem, tanto na escrita como na letra.

 

A conjunção de Mallarmé com Lacan, segundo Joseph Attié, permite ver a que ponto são curiosamente próximos em relação à sua concepção da língua. É o que faz com que se qualifique, muitas vezes, o estilo de Lacan como mallarmeano. A poesia de Mallarmé é tal que se pode dizer que está situada nos antecedentes da psicanálise. Sabemos que, para Lacan, o artista precede o psicanalista e tal como Lacan revolucionou o modus operandi da psicanálise, Mallarmé usou o primado da letra, fazendo da literatura a arte da palavra escrita, usando a própria palavra como objeto de arte. Fez brilhar as cifras dos signos, revelando o espaço branco da página, expandindo a forma e o vazio e abolindo, às vezes, o próprio sujeito.

 

Mallarmé usou o deslizamento de signos que se desatrelam, abrindo-se pela musicalidade, deixando ao leitor o rumo que queira dar. O leitor como peça fundamental para a poesia, que passou a ser iterativa, transformando a concepção do livro e do poema em atos particulares. Ele oferece significantes e o leitor os seus próprios significados.

 

Há neste poeta um saber lidar com as palavras, como um artesão. Matando de certa forma a linguagem, ele a recria, enlírico, para que esta possa funcionar por si só. Conforme Leila Perrone, ele propõe "a utopia de outras trocas linguageiras"5 , é um autor que se dá inteiro em sua escrita, e sua poesia não é um sonho, mas o que se pode fazer de um sonho. É algo da ordem da sublimação, que permite ao sujeito dizer as coisas de outras maneiras, tal como Shakespeare em Hamlet. A atitude da escrita de um poeta moderno, como Mallarmé "não era de fuga da realidade, mas de protesto contra uma sociedade utilitarista, uma ciência arrogante e uma literatura naturalista" 6.

 

Mallarmé escreveu seus poemas sombrios, perpassados pela dor e pela morte, usando de dualidades antitéticas, trabalhadas com algum barroquismo, entre espaço e tempo, entre dentro e fora, o significante e o vazio, por vezes mais visual, ou sonora, o que desencadeou a revolução formal na literatura, mostrando-se obscuro para muitos e de difícil compreensão, sendo criticado por afastar o leitor comum da poesia, fazendo dele um poeta para poucos. Lacan no Seminário 5, disse algo sobre esta crítica:
A partir do momento em que se produz uma fórmula talvez um pouco mais rigorosa da poesia, como fez Mallarmé, é muito menos surpreendente que ele seja questionado em seus mais obscuros sonetos.71

 

Mallarmé é o poeta que falha, que se bate com o muro da castração sem desistir, que mostra a função crua e pura da linguagem, que é marcado por uma linguagem que não dá conta, que não consegue dizer tudo, pelo afã de chegar à perfeição, de re-criar a escrita e a poesia, levando seu desejo às últimas consequências... Cito Lacan:
Esta realização da linguagem que não serve mais senão como uma moeda apagada que se passa em silêncio – frase citada em minha comunicação de Roma e que é de Mallarmé, mostra a função pura da linguagem, que é a de nos assegurar o que somos, e nada mais8 .

 

"Eu procuro um poema como um mistério em que o leitor deve procurar a chave" (Mallarmé)

 

BIBLIOGRAFIA
DURAS, M. Escrever. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
ATTIÉ, Joseph. Mallarmé o livro: estudo psicanalítico. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
LACAN, Jacques. Escritos. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
_______ O Seminário, livro 1, Os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986.
_______ O Seminário, livro 5, As formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1999.
PERRONE, Leila, apud DICK, André. Instituto Humanitas, Mallarmé e a página em branco, UNISINOS, 20.03.2009.
http://www.cbp.org.br/escrevernaoenlouquecer.pdf em 15.10.2014, (Mello, M. Helena) 11h25min
HTTP://www.ebpsp.org.br/Carta de São Paulo online 11 nova série – 16.07.2014, 20h;38min
http://www.beatrix.pro.br/index.php/stephane-mallarme/ 07.05.2014, 09h:00min
WWW.algumapoesia.com.brCarlos Machado, 2006. (25.05.2014) 22h:28min
http://www.unisinos.br/blogs/ihu/invencao/mallarme-e-a-pagina-em-branco/
https://pt.scribd.com/doc/237531316/Plaza-Com-Mallarme, em 14.09.2014, 18h:13min.


1 LACAN, Jacques. "A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud". In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, pp. 501-508.

3 DURAS, Marguerite. Escrever. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, pág. 19.

3 ATTIÉ, Joseph. Mallarmé o livro: estudo psicanalítico. Rio de Janeiro: Forense, 2013, pág. 85.

4 "[...] je la rêve si parfaite que je ne sais seulement si elle existera jamais" (MALLARMÉ, S. "Carta a Catulle Mendès", 24 de abril de 1866, op. cit., pág. 295).

5 PERRONE, L., apud  DICK, André, Comentando o livro A Inútil Poesia, de Leila Perrone).  Instituto Humanitas, Mallarmé e a página em branco, UNISINOS, 20.03.2009. Ensaio: "La vocation póetique est le cas d'un homme qui s'isole pour sculpter son propre tombeau". (MALLARMÉ, S. in ABASTADO), Claude. Expérience et théorie de la création poétique chez Mallarmé. Paris: Lettres modernes, 1970, pág. 17.

6 Ibidem.

7 LACAN, Jacques. O Seminário, livro 5: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar Ed.,1999, pág. 59.

8 LACAN, Jacques.  O Seminário livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986, pág. 184.

 

 

AGENDA DOS CARTÉIS NA EBP

 

Delegação Espírito Santo

Responsável pelos Cartéis: Tania Martins

 

Noite de Cartéis
Data: 11 de março
Local: Sede da Delegação ES.
Horário: 20h30
Apresentação do Cartel "Leitura do Seminário de Um Outro ao outro de Jacques Lacan". Cartelizante: Hitala Maria Campos Gomes.
Tema: "Um e o Outro".

 

 

 

COMISSÃO EDITORIAL DO DOBRADIÇA DE CARTÉIS

Comissão Nacional dos Cartéis da EBP: Paola Salinas (Coordenadora), Inês Seabra, Cristiana Gallo, Cristiane Barreto e Maria Josefina Sota Fuentes (Diretora Secretária da EBP)
Logomarca: Luiz Felipe Monteiro sobre obra de Escher

 

Dobradiça de Cartéis